Sonando Sonando, baleia falando. Como comentei em um post anterior, atualmente estou morando na Nova Zelândia. Nada mais justo de começar a escrever sobre aqui?

Para quem gosta de natureza, trilhas, praia e esportes radicais aqui com certeza é um dos melhores lugares para se visitar. Muitas vezes a NZ é comparada com Islândia devido as semelhanças. Vulcões, lagos glaciais, cachoeiras em ilha(s) isolada do mundo. Outra semelhança é % da população em apenas uma cidade, no caso da Islândia 35% vive em Reijavique e na Nova Zelândia,  quase 32% em Auckland. Reijavique, a capital mais norte da Terra e Wellington, a capital mais ao sul.

2016 - Te Waihou
Parando por aqui as comparações, hoje vou escrever sobre o rio Te Waihou também conhecido como “Blue Springs”. Este rio era uma das rotas principais do segundo rei Maori da Nova Zelândia, Te Wherowhero Tawhiao. Anos depois, a região foi colonizada pelos ingleses e durante a guerra varias trincheiras foram construídas mas não foram utilizadas.

Estima-se que a água que chega nesta nascente leva até 100 anos para ser filtrada, o resultado é uma água tão pura que reflete coloração azul. Água naturalmente pura absorve a coloração vermelha e reflete azul à azul-verde pois não possui partículas que absorvem este espectro de luz. O país faz uso deste presente da natureza engarrafando em PET, cerca de 70% da água engarrafada da Nova Zelândia provém deste rio.
Além de pura, a temperatura da água está constantemente a 11C. Muita gente aproveita o verão para se refrescar nadando... apesar de eu ser um animal de águas geladas, não consegui ficar nem 1 minuto dentro. Há também um bebedouro com água direto do rio.

Bbbbrrrrrr
 Há duas opções para chegar no Blue Springs:
-       Trilha de 3 horas ida e volta pelo Whites Road Carpark. 4.7km 
-       Acesso direto ao Blue Springs, 15 minutos andando de Leslie Road Carpark em Putaruru. Este caminho deve ser a trilha mais fácil da NZ, da última vez tinha um Chinezinho de pé quebrado e muletas...




Na Islândia não há muitas opções de albergues fora da capital, apenas hotéis que costumam ser caros. Ônibus para visitar os pontos turísticos existem, porém limitado aos horários e paradas deles. As paisagens do país são fantásticas e alugar um carro é a melhor forma de viajar para poder parar onde e quando quiser. Trajetos que levariam uma hora dirigindo chegou a levar mais de 3 devido as pequenas paradas para explorar o que achava interessante. O fato do país ser extremamente seguro, possibilita os viajantes acamparem onde bem quiser desde que não seja uma propriedade particular. Aproveitando este ponto, empresas como Happy Campers disponibilizam camper vans para os turistas passearem da forma que quiser sem se preocupar em ter que pagar por um campsite. Passamos a noite no carro em frente a geleiras, vulcão, parques.. Alugamos o carro mais baratinho, chamado Happy Ex que na verdade já foram substituído por novas versões. Uma mini camper van, parecido com um Kangoo sem o banco de trás, equipado com um sofá que vira cama, geladeira, aquecedor, mini fogão, água, talheres e etc.. No escritório do Happy Campers há uma seção que locatários passados deixam o que sobrou de comida e ingredientes. Pegamos um monte de coisa grátis, macarrão, mostarda, azeite, temperos... Passamos no mercado e enchemos a pequena geladeira de comida para a semana. O Golden Circle é a junção de três rodovias (1, 35 e 36) formando um anel viário com os pontos turísticos mais conhecidos da Islândia. No sentido horário saindo de Reykjavik:

  • Gulfoss (Golden Falls): A cachoeira mais famosa da Islândia, com vazão média de 140.000 L/s e registros de até 2.000.000 L/s. Em outras palavras, na vazão média encheria o sistema cantareira inteiro do 0 em 88 dias. No começo do século 20 um grupo de investidores queria montar uma usina hidroelétrica no local, porém Sigríður Tómasdóttir, filha do proprietário do terreno ameaçou se jogar da cachoeira contra esta ideia. Esta história é considerada uma das primeiras lutas a favor do meio ambiente e contou com a ajuda do advogado Sveinn Björnsson, futuramente primeiro presidente da Islândia. 
Eu, *arco-íro e Gulfoss

  • Þingvellir (Thingvellir) – Tornou-se parque nacional para proteger local onde deu inicio ao parlamento islandês. Famoso pela possibilidade de ver a divisão entre as placas tectônicas da América do Norte e Europa. Cena de Game of Thrones. Também há tours de mergulho na fissura das placas, a água cristalina com visibilidade de 70-80m torna este local um dos melhores lugares de mergulho.

Europa de um Lado, América do outro.
  • Geysir: Conhecido por The Great Geysir, é o primeiro geyser descrito na história e por isso deu origem a palavra. Em 1845 as erupções alcançavam alturas de 170 metros a cada. Nos últimos 100 anos a altura, tempo entre cada erupção e o estado dormente e ativo alternou após uma série de terremotos. Hoje as erupções atingem alturas de 30 metros a cada 5-10 minutos. Veja vídeo que filmei!

Boom




*Arco iro:


Mais de um ano sem escrever, está na hora de tomar vergonha na cara e postar algo novo.

2014 - Kolgrafafjörður - Fiordes Islandeses
Hoje escreverei sobre a Islândia, acredito que foi o lugar mais bonito que já conheci (no post da Tailândia falei a mesma coisa, mas viajei depois de ter publicado). Quem gosta de viajar para ver natureza, este é o lugar. Conhecida como Terra do Fogo e Gelo, cenário de gravação do Game of Thrones e filmes como A Vida Secreta de Walter Mitty, Interestelar, Thor, Capitão América [...] é também o local mais perto do meu habitat natural que já fui.
Habit de belugas

A população do país é de apenas 330.000 habitantes sendo que 200 mil moram na capital mais norte do planeta, Reiquijavique (Reykjavík). Há mais ovelhas do que pessoas, cerca de 450.000! Elas estão por todos lugares, inclusive nas estradas causando acidentes. Muitas vezes em 3, uma branca, uma preta e uma malhada. A colonização da ilha começou com monges Celtas seguida de exploradores escandinavos, os famosos vikings. O nome Ísland na língua nórdica antiga significa Terra do Gelo (Iceland em inglês) mas o primeiro nome do páis foi Snæland (terra de neve).

2014 - Terras élficas
No folclore do país há criaturas místicas como Elfos e Trolls, para mais de 50% da população esses entes realmente existem mas vivem em outra dimensão. Turistas acham isso engraçado mas os locais acham isso um insulto. A idéia de que os Elfos existem é levado tão a sério que existem até advogados dos elfos, mediums que possuem a habilidade de conversar com estes seres. Obras de estradas já foram canceladas por invadir território elfo e por aí vai...


2014 - Minha amiga Troll me segurando
Viajar na Islândia é bem fácil, o país está preparado para o turismo e todo mundo fala inglês.  Difícil é decorar e falar o nome dos locais. Quem não lembra do vulcão que entrou em erupção em 2010? - Eyjafjallajökull. Existem diversos vídeos no Youtube ensinando como pronunciar, principalmente da época que o desastre aconteceu. Camisetas em lojas de souvenirs que não faltam.

Voos para Islândia saem de alguns países da Europa e do Estados Unidos. Voei por Londres pela companhia low cost WOW Air chegando em Keflavik. Além do preço, o diferencial desta companhia é que eles tentam ser descolados cantando parabéns para aniversariantes e se alguém quiser pedir para fazer uma dedicatória as comissárias falam nos auto falantes. Outro exemplo é o saco de vomito.

Como todo país escandinavo, viajar na Islândia é caro. Considerado um dos países mais caros para viajar. Tentamos economizar onde podíamos. Pegamos um shuttle de Keflavik para Reykjavik chamado FlyBus. É a forma mais barata para se chegar no centro da cidade, o trajeto leva aproximadamente 1 hora e não é muito bonito pois passa pelo distrito industrial. Pelo menos tem wi-fi grátis para passar o tempo.

Chegamos em Reykjavik famintos mas ainda precisávamos deixar nossos mochilões no hostel. Toda chegada em uma nova cidade é a mesma coisa, andar e se perder para encontrar o albergue. O pensamento é sempre o mesmo quando se caminha 20kg nas costas... Por que trouxe tanta coisa?

Check-in feito, hora de caçar comida. Fuçando no tripadvisor encontramos um local chamado Noodle Station que vendia Lamen/Noodles/Miojo a um preço bem acessível e bem servido. Era pleno verão de 10oC na Islândia e nada melhor que um belo caldo quente.
Saco de Vomito, Basalto, Orgão dentro da Igreja
Depois da pança cheia começamos a explorar a cidade, a primeira parada foi a igreja Hallgrímskirkja que é o principal ponto turístico da cidade. A arquitetura dela foi inspirada em basaltos formados pela lava nas paisagens do país. Basaltos são rochas vulcânicas que formam a partir de lava resfriada lentamente dando o formato poligonal. Além da arquitetura exterior, a igreja chama atenção no interior por possuir um órgão de 15 metros de altura com 5275 tubos.

2014 - Hallgrímskirkja
Andamos mais um pouco na cidade, várias lojinhas que vendem souvenirs de vikings, poeira do vulcão, mini trolls e elfos. Visitamos a escultura Sun Voyager (Sólfar) no oeste da cidade. Em 1986 houve uma competição de esculturas para comemoração de 200 anos da cidade e esta foi a vencedora. É comum acharem que a escultura representa um barco viking, porém o artista construiu com a idéia de barco dos sonhos em homenagem ao sol, simbolizando luz, esperança, progresso e liberdade.

Fomos dormir cedo pois no dia seguinte pela manhã íamos atrás do que seria nosso meio de transporte e acomodação... Prometo que o próximo post saí em menos de 10 dias.
2014 - Eu olhando a escultura, achando que era um barco viking.


Olá leitores, Rex sonando! Prometi que ia escrever regularmente, mas a última vez foi a quase 3 meses! BAH! Virei uma Baleia Gaúcha Tchê! Passo a semana nadando no Rio Guaíba em Porto Alegre-RS e de final de semana volto para o ar fresco de Campinas-SP. Aeroporto já não era, agora menos ainda sinônimo de viagem a lazer.

Era Janeiro de 2012, pouco antes de ir para Eslováquia já relatado aqui. Cheguei na Polônia em Varsóvia de avião saindo de São Petersburgo/Rússia com escala em Zurique. A escala foi cansativa, além de eu ter que correr no aeroporto para não perder o voo, o policial ainda encrencou comigo. Sempre tenho problemas em aeroportos, normalmente os policiais estranham a descendência oriental com passaporte brasileiro... ou será que tenho cara de terrorista? Chegando na Polônia as 20h peguei minha mochila na esteira rumo a  Imigração, já preparado para ter que explicar ao policial que existem Baleias Japonesas no Brasil. Estranhamente não havia ninguém, era só passar reto.

Não tinha intenção alguma de conhecer Varsóvia, já tinha lido que não valia a pena se não tivesse tempo. Então ficou para uma próxima oportunidade. Só havia trem para Cracóvia no dia seguinte. Inicialmente passaria  a noite no aeroporto e de manhã pegaria um ônibus para estação de trem, mas como estava cansado acabei dormindo em um albergue no centro da cidade.

2012 - Greg & Tom Hostel
A viagem até Cracóvia leva cerca de 3 horas por trem expresso sem paradas.  O hostel Greg&Tom Hostel fica na frente da estação central, é de fácil localização. A estadia foi bem em conta, quarto de 8 pessoas 55 Sloty, na época R$31,00 hoje R$45,00. Não bastasse ser barato, ainda incluía café da manhã reforçado, janta deliciosa e vodka tasting todos os dias as 21h (doses e drinks de diferentes vodcas polonesas a vontade).  A idéia era ficar dois dias, acabei ficando 4!

Após o check-in, me encontrei com Rafal um polonês que conheci no CouchSurfing. Ele me levou em um local para fazer escalada indoor,  foi uma ótima experiência que terminou com meu tênis rasgado. O tênis era velho e a sola descolou ao raspar nas paredes. Decidi comprar uma bota de neve, fomos a um shopping e pedi para Rafal ajudar na tradução polonês-inglês. Por apenas 40 reais comprei uma bota de couro revestida por dentro para manter meu pé aquecido. Até então em todas viagens que tinha feito no inverno do hemisfério norte eu havia andado de tênis normal.   

Tudo parecia muito bom... hostel barato, tarde de esporte radical, bota nova a preço de banana seguida de caminhada no shopping até que... Quatro elementos mal encarados (três homens e uma mulher) se aproximam mostrando distintivo policial e falando em polonês. Sorte de ainda estar com Rafal meu recém conhecido interprete. Era a policia do Acordo de Schengen* pedindo meu passaporte, mas costumo andar apenas com cópia e deixar o original no hostel/hotel. Encrencaram e queriam me levar para delegacia alegando que havia muito imigrante ilegal no país (claro! sem ninguém na imigração..) Expliquei que meu passaporte original estava no locker do albergue. Foram até lá comigo (20 min a pé), verificaram com uma máquina futurística  e liberaram... Rafal também foi embora.

2012 - Eu e Rafal

Minutos depois conheci René, holandês que estava passando o final de semana na cidade. Como ele estava de saída para comer algo na rua, fui no embalo pois estava morrendo de fome. Comemos o delicioso Zapiekanka, um lanche típico polonês. Trata-se de uma baguete com cogumelos, queijo, presunto/carnes e vegetais por cima. A grosso modo é uma pizza mas a massa é uma baguete, parecido com Pizza Pan...seria este a origem do famoso super supreme?
Zapiekanka fonte: google imagens


Em seguida fomos em uma loja de chocolates chamada Karmello. Eu não sou fã de doces em geral, mas neste local tomei o melhor chocolate quente do mundo.  Acredito que em combinação com frio de lascar a experiência melhor ainda. Cremoso, levemente amargo e “bão dimais”. Já os chocolates não são nada demais...Para quem tiver a oportunidade, fica na rua Floriańska 40.

2012 - Karmello: Chocolates e Chocolate Quente
Esse foi o fim do meu primeiro dia na cidade. Acompanhe as histórias de Rex, A Beluga Viajante em Cracóvia nos próximos posts.

Obrigado pela leitura! Gostou? Compartilhe! 

 *Espaço de Schengen: É uma área criada em decorrência ao Acordo de Schengen, convenção entre países europeus sobre politica de abertura das fronteiras e livre circulação de pessoas entre os países que fazem parte, abolindo controles de fronteiras de modo que os deslocamentos entre esses países passaram a ser tratados como viagens domésticas. Não deve ser confundido com a União Européia, união econômica e politica de países europeus. Em 2012 por pressão da França e Alemanha o tratado de Schengen iniciou uma reforma para fechar fronteiras.



Era Fevereiro de 2013, não aguentava mais o batuque de samba e ver a Globeleza dançando. Vi aquele mochilão enchendo de roupa, logo saquei que alguem ia viajar. Não pensei duas vezes e achei um espaço para mim! No momento do check-in descobri que estava voltando para onde nasci, todos que olham minha calda sabem ao ver minha tatuagem "Made in China".
2013 - Espetinho de Escorpião em Wangfujing

A China é o maior país da Ásia Oriental e mais populoso do mundo com 1,3 bilhões de pessoas. Membro do grupo de economia emergentes BRICS (Brasil, Russia, India, China e Africa do Sul). O Brasil apesar de também fazer parte está muito atrás quando o assunto é infra-estrutura (metrô, onibus, estradas, tecnologia). Acho que meu "pré-conceito" com a China fez eu ficar espantado com o crescimento planejado que eles tiveram além dos preços praticados pelos serviços de qualidade.

A moeda local é o Yuan (CNY), na cotação de hoje 1 CNY = 0,37 BRL. 

Exemplos:
- A cidade de São Paulo tem 12 milhões de habitantes, possui 6 linhas de metrô com 64 estações totalizando 74 km de extensão em uma área urbana de 7.8 milhões km2 e conta com 1 rodo anel incompleto.
Enquanto Beijing com 19 milhões de pessoas possui 17 linhas de metro, 227 estações totalizando 456 km de extensão em uma área urbana de 16.4 milhões km2 e conta com 8 "rodo anéis".

- O minuto do celular custa 0.02 Yuan, ou seja, menos de 1 centavo de real.
- Passe metrô em Beijing custa 2 Yuan em Xi'An 1 Yuan
- Existem estações de trem que possuem 6 áreas de embarque, mas somente duas são utilizadas. Já foram construídas sabendo que em 5 a 10 anos serão necessárias devido o crescimento do país.

A viagem para Beijing não foi das mais tranquilas. Ao chegar em Frankfurt para fazer conexão, ainda na área de transito recebemos a notícia que nosso vôo não existia. Poderia ser atraso ou cancelamento, mas um vôo não existir para mim era novidade. Passamos pela alfândega rumo ao guichê da Air China. Para piorar a situação não havia nenhum funcionário. Vimos uma chinesa que parecia ser passageira e também estava meio perdida. A mesma coisa tinha acontecido, estava aguardando um funcionário voltar com a resposta. Aparentemente foi algum erro no sistema de sites que vende passagem (decolar, expedia e etc...). Quando o camarada chegou, a moça falou em chinês explicando nossa situação. Ufa resolvido, um vôo para as 20h... Como ainda era meio dia, resolvemos pegar um ônibus para o centro de Frankfurt e conhecer a cidade por algumas horas, contarei em outro post. 
O trecho Frankfurt - Beijing foi uma prévia do que eu ia encontrar na China. Talvez seja cultural, mas o chineses são folgados, gritam, arrotam, não respeitam filas, mastigam de boca aberta fazendo muito barulho no qual é possível ver pedaços de comida voando e por ai vai... Logo após a janta dentro do avião me senti em um lago de noite com o coral dos sapos querendo acasalar... era um arroto atrás do outro.

A alfândega foi tranqüila. Brasileiros precisam de visto para entrar na China e o modo mais fácil de tirar é com alguma agência de turismo. Paguei R$200,00 pelo visto de 1 entrada e leva cerca de 15 dias para ficar pronto. Atenção para quem pensa em ir para Hong Kong e Macau (locais que brasileiros não precisam de visto), pois uma vez que sai da China Comunista o visto de uma entrada não vale mais. Então ou tira visto de multiplas entradas ou faça um roteiro que não precise retornar.

Era hora de ir até o hostel, uma grande aventura pegar um ônibus no aeroporto que ia nos largar em algum lugar que não fazíamos a mínima idéia. Nossa grande sorte é que havia um terminal de ônibus logo na saída do terminal do aeroporto que estavamos. Assim foi fácil pegar um lugar e acomodar as malas. Nos pontos seguintes era um caos. Teve um ponto que quando o ônibus chegou, as primeiras pessoas da fila tinham malas grandes e foram até a parte de trás do ônibus (por fora) para guardar as coisas antes de subir. Enquanto isso as pessoas que não tinham mala foram entrando, assim o ônibus lotou. Aqueles que tinham guardado a mala ficaram tentando entrar no ônibus empurrando as pessoas que estavam dentro. Nesse momento já comecei a rir da situação. O motorista sinalizou que ninguém mais entraria, fechou a porta e começou a andar. Os chineses que não entraram, começaram a correr atrás do ônibus e provavelmente estavam gritando para parar, porque queriam pegar as malas. No final o motorista parou e elas puderam pegar as malas de volta. Estas pessoas que eram as primeiras na fila quando o ônibus chegou, tiveram que ir para o final da fila do próximo ônibus pois outros chineses já haviam cortado a frente delas novamente.
2013 - Espetinhos... tarantura, minha favorita!

Chegando no ponto final, seguimos algumas instruções que tinhamos anotado e de repente vimos uma placa em um beco, era o caminho para o hostel. O lugar era simples, chamado Sunrise Hostel perto do Tian An Men Square. Ficar em albergue em Beijing vale muito a pena, nossa reserva de 3 noites pagamos R$28, menos de 10 reais por dia. Quarto com 3 beliches sem café da manhã. No final acabamos ficando um dia a mais por cerca de R$12 em um quarto duplo. Após deixar nossas malas no quarto fui para o bar/lobby/restaurante do hostel, lá conhecemos outros viajantes solitários e partimos para desbravar a cidade. Em Beijing têm bastante coisa para fazer, é necessário no mínimo 4 dias para visitar os pontos turísticos mais famosos. Hoje só contarei da feira de Wangfujing. 

2013 - Sunrise Hostel
Para muitas pessoas no Brasil, quando o assunto é comida na China já vem na cabeça aquelas coisas exóticas... no caso de Beijing a feira noturna de Wangfujing é o local pra isto. 

A feira possui cerca de 100 metros, cada barraca serve um tipo de comida. Todas elas são bem organizadas e seguem requerimentos higiênicos (nem tanto) impostos pelo governo. Em cima de cada barraca está escrito o que está a venda assim como o nome do vendedor. A culinária é bem vasta, mesmo para aqueles que não querem provar comidas exóticas vale a pena ir, seja para olhar ou provar outras coisas. As opções são várias: gafanhoto, casulo, aranhas, escorpiões, lagartos, cobra, estrela do mar, testículo, intestino, rim de bode e por aí vai.

Pensei, sou uma beluga e me alimento de plânctom que
2013 - Devorando um escorpião
inclui crustáceos microscópicos.. então comer outros artrópodes um pouco maiores não vai me fazer mal. Fui disposto a comer escorpião, saí de lá com uma tarântula e uma cobra no estômago. O escorpião e a aranha tinham sabor de pipoca já a cobra sabor de peixe. O preço dessas comidas exóticas  é muito maior do que comer em um restaurante normal. Um espetinho de escorpião preto custa 80 Yuan (R$25).  A feira noturna de Wangfujing foi feita para turistas. Os próprios chineses (modernos) ficam espantados com os turistas que vão lá e provam estes espetinhos. Acredito que esse tipo de alimento foi comum em época de guerra quando não havia comida e também no interior do país onde há muita pobreza. Não vimos nenhum local provando essas iguarias.

Como não dava para matar a fome comendo esses snacks de exóticos, fomos para um restaurante/muquifo do outro lado da rua que devia ter no máximo uns 3x3m, era bem simples e um pouco sujo mas a comida era muito boa e barata. Um pote com bastante lamen (miojo/noodles) 10 Yuan (R$4) e porção com 10 bolinhos recheado com carne e legumes 4 Yuan (R$ 1,25).

2013 - Noodles e dunplings
 Essa foi minha primeira noite em Beijing, em outros posts contarei da Muralha da China, Palácio de Verão, Zoológico de Beijing...
2013 - Restaurante muquifo







Era Janeiro de 2012, estava curtindo o delicioso frio de -10 Graus Celcius em Cracóvia - Polônia. Minha intenção era passar os próximos 3 dias fazendo ski-bunda enquanto o meu amigo esquiaria de snowboard. 

O plano inicial era ir para as montanhas Tatra na cidade de Zakopane, conhecida como Capital do Inverno da Polônia. Adam Miklasz, recepcionista do albergue que estávamos hospedados, comentou que aquela semana era férias de inverno e a montanha estaria cheia, consequentemente com os preços inflacionados. Aconselhou então que fossemos para o outro lado da montanha, no vilarejo de Ždiar – Eslováquia. Tempo de viagem, 3 horas de trem para Zakopane e mais 2 horas de ônibus até Zdiar. Naquela semana em Cracóvia havíamos conhecido algumas pessoas. Jack um australiano de Adelaide nunca havia esquiado e nos acompanhou nesta Aventura.

2012 01 - Zdiar vista da porta do hostel Ginger Monkey
Andar de ônibus nunca foi tão emocionante quanto este trecho no alto da montanha, com estrada de terra/neve e o precipício ali, 3 metros do lado. O ônibus estava lotado então fomos de pé (na verdade eu estava na mochila). A cada minuto que passava eu me perguntava o que estava fazendo ali. Como não fazíamos ideia de como era o local para saber qual era o nosso ponto, tinha mostrado para o motorista o nome da cidade em um mapa (não sabia nem pronunciar o nome da cidade) e fiquei esperançosamente aguardando ele nos avisar quando chegassemos. Viva a mímica! Linguagem universal.

Descemos em um ponto de ônibus no meio do nada. O lugar era muito bonito, mas logo olhei para todos os lados e pensei… “agora f$#%^!”. Não havia placas, casas, ruas… Longe avistamos a ponta de uma igreja e uma subida para lá. Fomos cortar caminho e afundamos na neve, só ficou  a cabeça para fora. Parecia cena de desenho animado. Acho que sem ajuda jamais sairia daquele buraco.

Zdiar é um pequeno vilarejo de 1300 habitantes. Fica a 370 km ao nordesta da capital Bratislava. 
A Eslováquia pertencia a antiga Checoslováquia, separadas em República Tcheca e Eslováquia desde 1993 sempre confundida com a Eslovênia que pertencia a Iugoslávia até 1991.  Apesar de falarem idiomas diferentes eles se entendem, e ainda há similaridade com os Tchecos, Hungaros e Poloneses. 
Brasileiros não necessitam de visto para entrada no país, por terra nem passaporte precisaria.. cruzei fronteiras sem ver um policial.

Ginger Monkey
O hostel que ficamos chama-se Ginger Monkey. Trata-se de uma casa de madeira bem estilo “casa do lenhador”, com direito a chá, café e chocolate quente a vontade (essencial no frio). Além de torradas com geleias e manteiga, sucrilhos e leite. A diversão está garantida com Wally, o cachorro que adora brincar na  neve. Tudo isto por 12 euros ao dia.





2012 01 - Eu e Wally
Estavamos morrendo de fome e pedimos instruções para algum lugar onde poderia comprar comida. Um dos atendentes do hotel fez um pequeno mapa e disse que na casa da Khldasstzzdsjadlsa (algum nome com mais consoante que vogal) haveria comida para comprar. Após caminhar cerca de 20 minutos encontramos a loja que ficava no porão da casa. Compramos 2 cup noodles, 1 litro de suco de laranja, pao, presunto e queijo. Ao pagar a mulher disse: “Three Euros” (na epoca 2,20). Estranhei o preço e perguntei: “Three Euros????!!”. A mulher comentou que o euro tinha acabado de entrar no país e pediu desculpas pois estava muito caro. Além disso ela não tinha troco, peguei mais algumas coisas e deixei uma nota de 5 euros sendo que deveria receber cerca de 0,70 de troco. Ela agradeceu profundamente e logo fomos embora. Ao sair Jack lembrou da cena do filme Eurotrip que inclusive acontece na Eslováquia:


O aluguel dos equipamentos seja prancha ou ski, capacete e luvas custava cerca de 8 euros por dia. A roupa podia pegar emprestado no albergue. O preço do dia inteiro na montanha custava cerca de 20 euros. Total 28 Euros (U$37) por dia. Comparado com outros países, esquiar na Eslováquia é muito barato, na Argentina por exemplo custaria U$100 o dia.

2012 01 - Nós no alto da montanha. Ops acho que saí na frente...
Há outras cidades por perto que possuem hotéis mais aconchegantes  para hospedar os turistas dos cinco “parques” da região. Para atender o publico há transporte de graça que passa de 20 em 20 minutos e leva para para estes locais.

De noite não há muito o que fazer, praticamente todos os dias as pessoas do hostel vão para uma pizzaria no próprio vilarejo. A pizza é muito boa. Para aqueles que comem bastante, existe tamanho XXL com 50cm de diâmetro. Quem consegue comer sozinho vai para o “Wall of Fame” do Ginger Monkey, na época contava com apenas 1 brasileiro.


Algum gringo e a pizza XXL. Foto achada no google

Para quem busca por uma opção mais em conta para passar uma temporada esquiando, Zdiar é uma boa opção. Várias pessoas ficam no Ginger Monkey por mais de um mês na temporada, mas vá preparado pois o local é bem simples e o vilarejo não tem quase nada. Não recomendo se você procura um lugar mais aconchegante e com mais privacidade.


Mensagem dentro do banheiro
Video que filmei dentro do hostel, é possível ver a quantidade de enfeites e a vista da janela do quarto.